10 anos: Obrigado LCV!
Dez anos inteirinhos a fazer, mostrar e a espalhar ciência. O Laboratório de Ciência ao Vivo fez dez anos e promete durar pelo menos outros tantos. E embora eu pessoalmente só possa falar dos últimos três, que foram aqueles em que me vi seriamente envolvido nas actividades, acho que posso dizer, sem qualquer tipo de reservas, que aprendi tanto como se tivesse sido eu um dos fundadores.
Aprendi, por exemplo, a não aproximar a cara de um copo com água, depois de lhe ter posto um pedrinha de potássio ou de sódio; aprendi a não agarrar no recipiente de cerâmica com os dedos, depois de o ter usado para “explodir” o diacromato de amónio, no vulcão; aprendi e esqueci os nomes das estrelas; aprendi que o gelo seco é relativamente caro, vem à meia dezena de quilos, está estupidamente frio e faz uma água com gás de qualidade; aprendi a fazer derivadas como gente grande e aprendi muito, muito mais!
Mas não me limitei a aprender. Também ensinei. Aliás, acho que é isso que faz do LCV o tão espectacular clube que é: ninguém é só professor ou só aluno, ora aprendemos, ora ensinamos. A professora Margarida Cruz e a professora Helena Spencer ensinam-me que o sódio e potássio fazem chama, quando em contacto com a água, e eu ensino às crianças da primária que as pedras mágicas fazem fogo na água. O professor Rui Prata ensina-me a jogar NIM e a reconhecer as estrelas, e eu ensino estratégias vencedoras a quem quiser aprender, já que os nomes das estrelas esqueço com facilidade. A professora Ilda Rafael ensina-me os truques obscuros das derivadas e a fazer Origami, e eu ajudo os meus colegas com os truques obscuros das derivadas, e ensino que dobrando o papel assim e assim e assado sai um passarinho.
E ainda não acabei! Uma das melhores partes é quando no laboratório se juntam pessoas como eu, curiosas, com ânsia de aprender, em constante questionamento das coisas, e começamos a lançar perguntas e desafios. Oh, nessa altura é o descalabro autêntico… Os alunos discutem, os professores ensinam o que sabem, os alunos põe defeitos na explicação, os professores esborracham as argumentações falaciosas dos alunos picuinhas, ou então confessam que não têm a certeza, que isto é ciência, e prometem procurar, deixando os alunos a discutir e a discutir e a discutir…
São estas as razões para eu gostar tanto do LCV, e para dizer que além dos dez anos que o Laboratório já leva nestas andanças, ainda são precisos muitos mais. É que no LCV aprende-se, no LCV ensina-se, no LCV pergunta-se, no LCV duvida-se, no LCV faz-se ciência. E no fim, é isso que importa. A ciência, a descoberta, o conhecimento, as conversas e as discussões.
Afinal, o que seria de nós sem conhecimento, e o que seria do conhecimento sem a ciência, e o que seria da ciência sem o LCV e iniciativas semelhantes? E sim, é verdade, há discussões, algumas que acabam com “Sim, tens razão”, e outras que acabam com “Pareces uma menina a fazer derivadas!”, mas todas são interessantes e mais do que importantes. E por isso agradeço, em nome de todos.
Parabéns e obrigado, LCV!
Rui Bastos, aluno colaborador do LCV
Obrigado Rui e ... muitas felicidades na tua entrada para a Faculdade!
Um abraço,
Helena Spencer